- Nº 1994 (2012/02/16)
A luta dos trabalhadores salvou a empresa

Vitória exemplar na <i>Cerâmica Valadares</i>

Trabalhadores

Os trabalhadores da Cerâmica Valadares conseguiram levar a administração a firmar um acordo que garante o pagamento dos salários em dívida.

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Com uma enorme alegria, os objectivos alcançados por completo e gritando «a luta continua» para salientar que continuarão vigilantes, terminou, na tarde de segunda-feira, com a abertura dos portões da fábrica, a luta dos trabalhadores da Cerâmica Valadares, após a obtenção de um acordo que garante a manutenção dos postos de trabalho e a continuação da empresa.

No fim da manhã de segunda-feira, Fátima Messias, dirigente da Federação Portuguesa dos Sindicatos da Construção, Cerâmica e Vidro, anunciou que a administração tinha cedido e firmado um acordo onde se comprometeu pagar o salário de Janeiro até dia 20, e o de Fevereiro no fim deste mês. Também ficou acordado que vão ser pagos os dias de paralisação e a administração não exercerá quaisquer represálias sobre os trabalhadores que lutaram duramente pelos seus direitos.

A luta saiu vitoriosa após os trabalhadores terem cumprido duas semanas de vigília permanente, à chuva e ao frio, dia e noite, diante da fábrica, e após uma deslocação a Lisboa, ao Ministério da Economia, onde reclamaram a intervenção do Governo.

Num plenário que encheu por completo o Cineteatro Brasão em Valadares, na véspera da reunião com a administração, os trabalhadores aprovaram por unanimidade a proposta reivindicativa que os seus representantes defenderam no dia seguinte.

Satisfeitas todas as suas reivindicações, os trabalhadores decidiram, então, noutro plenário, na fábrica, desbloquear as entradas e saídas de materiais da fábrica, comprometendo-se a regressar normalmente ao trabalho, anteontem, mantendo-se vigilantes quanto ao cumprimento do acordo.


Vencida a prepotência patronal

 

Esta vitória «é portadora de confiança no futuro da Cerâmica Valadares, mas não só», considerou a Direcção da Organização Regional do Porto (DORP) do PCP, num comunicado emitido segunda-feira, onde saúda fraternalmente todos os trabalhadores que lutaram por este resultado.

Para a DORP do PCP, esta luta voltou a demonstrar como, «com unidade e determinação, os trabalhadores são mais fortes do que a prepotência do patronato». «Muitos trabalhadores que enfrentam dificuldades nas suas empresas poderão constatar que vale a pena lutar», salientou a organização regional do Partido.

No dia 10, a CDU, na Assembleia Municipal, acusou a Câmara Municipal de Gaia por, nos últimos quatro anos, nada ter feito para garantir os postos de trabalho e até ter contribuído para que os terrenos da fábrica revertessem para a especulação imobiliária.